José Herculano Pires nasceu na cidade de Avaré, no Estado de São Paulo, em 25 de setembro de 1914. Filho do farmacêutico José Pires Correia e da pianista Bonina Amaral Simonetti Pires, revelou sua vocação literária desde que começou a escrever. Fez seus primeiros estudos em Avaré, Itaí e Cerqueira César.
Aos 9 anos de idade, fez o seu primeiro soneto, um decassílabo sobre o Largo São João, da sua cidade natal. Aos 16 anos, publicou seu primeiro livro, “Sonhos Azues” (contos), e, aos 18 anos, o segundo livro, “Coração” (poemas livres e sonetos). Já possuía seis cadernos de poemas na gaveta, e colaborava nos jornais e revistas da época, das províncias de São Paulo e do Rio. Teve vários contos publicados com ilustrações na Revista da Semana e no Malho.
Pires foi um dos fundadores da União Artística do Interior (UAI), que promoveu dois concursos literários, um de poemas pela sede da instituição em Cerqueira César, e outro de contos pela Seção de Sorocaba.
Mário Graciotti o incluiu entre os colaboradores permanentes da seção literária de A Razão, em São Paulo, que publicava um poema de sua autoria todos os domingos. Em 1928, transformou o jornal político de seu pai em semanário literário e órgão da UAI.
Em dezembro de 1938, Herculano (com 24 anos) casou-se com Maria Virgínia Ferraz Pires, evangelizadora infantil do centro onde ele realizou sua primeira conferência espírita. Dessa união tiveram quatro filhos: Herculano, Helena, Heloísa e Helenilda. O casal se muda para o município de Cerqueira César e, em 1940, transferem-se para Marília, onde ele adquiriu o jornal Diário Paulista e o dirigiu durante seis anos.
Com José Geraldo Vieira, Zoroastro Gouveia, Osório Alves de Castro, Nichemaja Sigal, Anthol Rosenfeld e outros promoveu, através do jornal, um movimento literário na cidade e publicou “Estradas e Ruas” (poemas), que Érico Veríssimo e Sérgio Millet comentaram favoravelmente.
Em 1946, mudou-se para a capital São Paulo e lançou seu primeiro romance, “O Caminho do Meio”, que mereceu críticas elogiosas de Afonso Schimidt, Geraldo Vieira e Wilson Martins.
PROFISSÃO E OBRAS
Repórter, redator, secretário, cronista parlamentar e crítico literário dos Diários Associados, Herculano Pires exerceu essas funções na Rua 7 de Abril por cerca de trinta anos. Foi autor de 81 livros de Filosofia, Ensaios, Histórias, Psicologia, Pedagogia, Parapsicologia, Romances e Espiritismo.
Lançou a série de ensaios Pensamento da Era Cósmica e a série de romances e novelas de Ficção Científica Paranormal. Alegava sofrer de ‘grafomania’, escrevendo dia e noite. Não tinhavocação acadêmica e não seguia escolas literárias. Seu único objetivo era comunicar o que achava necessário, da melhor maneira possível.
Graduado em Filosofia pela USP em 1958, publicou uma tese existencial: “O Ser e a Serenidade”. De 1959 a 1962, exerceu a cadeira de Filosofia da Educação na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara. Foi membro titular do Instituto Brasileiro de Filosofia, seção de São Paulo, onde lecionou Psicologia; presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo de 1957 a 1959, e professor de Sociologia no curso de Jornalismo ministrado pelo Sindicato.
Herculano Pires foi, também, presidente e professor do Instituto Paulista de Parapsicologia de São Paulo. Organizou e dirigiu cursos de Parapsicologia para os Centros Acadêmicos: da Faculdade de Medicina da USP, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, da Escola Paulista de Medicina e em diversas cidades e colégios do interior.
Em 23 de janeiro de 1948, fundou o Clube dos Jornalistas Espíritas de São Paulo, que funcionou por 22 anos, e foi membro da Academia Paulista de Jornalismo, onde ocupou a Cadeira “Cornélio Pires” em 1964.
Herculano pertenceu, também, à União Brasileira de Escritores, onde exerceu o cargo de Diretor e Membro do Conselho no ano de 1964. Foi Chefe do Sub-Gabinete da Casa Civil da Presidência da República no governo Jânio Quadros no ano de 1961, onde permaneceu até a renuncia do mesmo.
ESPIRITISMO
Espírita desde os 22 anos de idade, Herculano Pires não poupou esforços na divulgação falada e escrita da Doutrina Codificada por Allan Kardec, tarefa essa a que dedicou a maior parte da sua vida.
Durante 20 anos, manteve uma coluna diária de Espiritismo nos Diários Associados com o pseudônimo de “Irmão Saulo”. Durante quatro anos, manteve no mesmo jornal uma coluna em parceria com Chico Xavier sob o título “Chico Xavier pede Licença”. Em parceria com o médium mineiro, escreveu diversos livros espíritas inteiramente dedicados ao estudo e divulgação da Doutrina.
Em 1954, publicou Barrabás, que recebeu um prêmio do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo, constituindo o primeiro volume da Trilogia Caminhos do Espírito. Em 1970, Ano Internacional da Educação, Herculano Pires percebeu um momento propício para tratar mais diretamente da Pedagogia Espírita. Escreveu ele: “Os cristãos primitivos tiveram de lutar contra a educação pagã para implantar no mundo a Educação Cristã. Agora é a hora dos espíritas, numa batalha muito mais suave, mas que deve ser tão pertinaz como aquela.”
Levou a proposta a Frederico Giannini, proprietário da Editora Edicel, que concordou em produzir e divulgar a Revista Educação Espírita, lançada em 28 de dezembro daquele ano. Diante dos percalços encontrados pelo caminho, mas movido por um propósito maior, Herculano produziu um total de seis edições da publicação.
Entre 1971 e 1974, a convite do proprietário da Rádio Mulher de São Paulo, Roberto Montoro, Herculano apresentou e comandou o programa semanal No Limiar do Amanhã [1], cuja proposta era tratar do Espiritismo em todos os seus aspectos, sem restrição, e responder a qualquer pergunta dos ouvintes. Sob a direção do Grupo Espírita Cairbar Schutel, em dezembro de 1974, Pires lançou o Jornal Mensagem [2].
Em 1975, publicou Lázaro e, com o romance Madalena, concluiu a Trilogia. Traduziu cuidadosamente as obras da Codificação Kardequiana enriquecendo-as com notas explicativas nos rodapés.
Essas traduções foram doadas a diversas editoras espíritas no Brasil, Portugal, Argentina e Espanha. Colaborou com o Dr. Júlio Abreu Filho na tradução da Revista Espírita [3].
José Herculano Pires desencarnou na capital paulista na noite de 9 de março de 1979, vitimado por um infarto. Foi levado ao hospital, mas os médicos não conseguiram reanimá-lo, falecendo no local. Ao seu desencarne, deixou vários originais traduzidos da Revista Espírita, os quais vêm sendo publicados pela Editora Paidéia.
Fontes:
Site da Federação Espírita Brasileira (FEB) [4]: https://www.febnet.org.br/blog/geral/noticias/efemeride-herculano-pires/
Site da Fundação Herculano Pires [5]: https://www.fundacaoherculanopires.org.br/
RIZZINI, Jorge. J. Herculano Pires: O Apóstolo de Kardec. São Paulo: Paidéia, 2001.